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16 de jun. de 2011

Macrobiótica pode afetar aprendizado - Não radicalize na dieta

Uma dieta exclusivamente vegetariana na infância, sem produtos de origem animal como leite e carne, causou falta de vitamina B-12 e pode ter afetado a capacidade de aprendizado de adolescentes. Uma pesquisa feita na Holanda mostrou que adolescentes que haviam seguido até os seis anos de idade uma dieta macrobiótica rígida obtiveram pior desempenho em testes cognitivos, comparados a outros que haviam observado dietas balanceadas na infância.
A pesquisa foi feita por Marieke Louwman e colegas da Universidade Agrícola Wageningen, de Wageningen, Holanda, e está descrita em artigo na última edição da revista médica "The American Journal of Clinical Nutrition".
A deficiência de vitamina B-12 em crianças traz como sintoma apatia e letargia e pode levar a retardo no desenvolvimento psicomotor e no crescimento.
Os autores afirmam que o estudo demonstrou uma clara associação entre deficiência dessa vitamina e problemas de cognição, mas que não é suficiente para provar uma relação de causa e efeito. "Os mecanismos pelos quais a deficiência causa disfunção cognitiva não estão claros."
Os pesquisadores têm acompanhado desde 1985 crianças de famílias que seguem os preceitos da macrobiótica, uma dieta à base de frutas, legumes e cereais integrais que seus adeptos acreditam ser capaz de prolongar a vida.
Já em 1986, os cientistas haviam descoberto que um grupo de crianças de pais macrobióticos, com idade média de 15 meses, tinha acentuada deficiência de cobalamina (vitamina B-12), que praticamente só existe em alimentos de origem animal.
As famílias receberam aconselhamento nutricional e passaram a incluir laticínios na dieta, ou ovos e laticínios, ou passaram para uma alimentação onívora (carne e vegetais). Mas a mudança de dieta só ocorreu quando as crianças tinham cerca de seis anos.
A pesquisa envolveu 48 desses adolescentes com dieta macrobiótica na infância. Desse grupo, 31 apresentaram deficiência de cobalamina um ano antes de fazer os testes psicológicos. Os outros 17 tinham índices normais.
Também foram testados outros 24 adolescentes que nunca tiveram dieta macrobiótica, o chamado "grupo de controle".
Foram realizados nove testes de desempenho, para medir aspectos cognitivos e psicomotores.
Por exemplo, um teste para avaliar a aptidão espacial pedia que o adolescente reproduzisse um determinado padrão usando blocos coloridos. Outro teste exigia que se completasse uma figura, medindo a capacidade do adolescente de combinar estímulos visuais desconexos em um todo coerente.
Para testar a memória eram lidas 15 palavras e se verificava quantas eram lembradas em seguida, 30 e 60 minutos depois.
Os adolescentes pertenciam a grupos socioeconômicos semelhantes, apresentavam boa saúde e não haviam apresentado distúrbio neurológico prévio.
Os praticantes da macrobiótica tiveram desempenhos consistentemente inferiores nos testes, especialmente nos de inteligência, aptidão espacial e memória.
(Folha de S.Paulo)